PISTAS PARA O TESOURO

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

A dúvida

“Percebi mal ou a rapariga, ao entregar-me o troco, passou a língua pelos lábios e moveu os olhos de modo insinuante? Parecia um convite!” Depois de as formular mentalmente, Tomé repetiu as palavras de dúvida em voz baixa, enquanto observava - desolado - o pai da rapariga, e dono da loja, mandá-la sair do balcão.
Faltavam apenas duas horas para o avião o levar de regresso a Portugal e ainda tinha de ir ao hotel buscar as suas coisas e arranjar um táxi na incompreensível e maravilhosa confusão daquela cidade estrangeira.
Já o avião sobrevoava as casas antigas da cidade em direcção às nuvens e ele ainda tinha agarrada aos olhos a imagem da rapariga de boca entreaberta, passando a língua pelos lábios carnudos. Teria sido uma provocação deliberada ou apenas uma partida da sua imaginação ansiosa? A dúvida levou-o a permanecer sonhador e tão distraído que nem reparou nas formas intensas e bem desenhadas da hospedeira de bordo.

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