PISTAS PARA O TESOURO

domingo, 30 de maio de 2010

Erotismo conservador e conformista

Depois de passar horas a ver sites e blogues ditos eróticos, Tomé concluiu com tristeza:
- Nem na Igreja Católica se encontra tanto conservadorismo e conformismo! Esta gente não percebe nada de sexo, nem - bem vistas as coisas - da vida. Viva a liberdade, porra!

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Salada de álcool e desejo

Sofia bebeu demais na festa de anos do chefe. Foi a única maneira que encontrou para compensar a frustração que a invadiu quando percebeu que a Marta não iria à festa. Mas, seja qual for o motivo que leva a mão a pegar no copo, a verdade é que vodka e vinho tinto não ligam bem, principalmente se bebidos em grandes quantidades. Quando saiu para a rua, Sofia percebeu que não conseguiria conduzir até casa. Por isso, caminhou em frente à procura de um táxi. Viu um ao fim de poucos minutos e acenou. Era conduzido por uma mulher: jovem e simpática, mas com uma cara extraordinariamente feia. Ao sentar-se a seu lado, Sofia reparou que tinha também uma deficiência qualquer numa das pernas (o que explicava as muletas no banco de trás). Todavia, o que prendeu o seu olhar e a impediu de pronunciar a morada de modo inteligível foram os enormes e firmes seios da taxista. Os biquinhos quase rompiam a blusa azul, tão tesos eram. Sofia gaguejou novamente o nome da rua onde vivia e depois - ajudada pela salada de vinho e vodka - acrescentou:
- Minha senhora... hic, deixe que lhe diga, hic, que tem as mamas mais bonitas que já vi na vida. Nem a Marta consegue competir consigo, hic.
A mulher sorriu e respondeu:
- Se as dessa Marta são melhores que as suas, então ela é um caso sério!
- Hic!

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Plenitude

Sebastião pegou em vários lenços de papel e limpou rapidamente o esperma do pénis, dos pêlos púbicos e do ventre. Depois, tirou do bolso um lenço branco de linho e perguntou ao rapaz se o podia limpar. Sem esperar pela resposta deste, ajoelhou-se e limpou-o com movimentos lentos e exageradamente precisos. Apesar dessa minúcia, ainda sobraram restos de esperma nos pêlos púbicos e no pénis do rapaz. Acariciou-lhe a perna e depois os testículos com a mão livre. O pénis começou a enrijecer novamente, mas Sebastião meteu-o na boca ainda antes de estar completamente duro e empinado. Era a primeira vez que fazia aquilo, mas não estranhou o sabor, pois já tinha provado o seu próprio esperma. Fez vários movimentos de vai e vem e depois abocanhou só a ponta e chupou, de modo intenso mas suave. O rapaz gemia de olhos fechados, como se quisesse concentrar-se melhor no prazer. Sebastião lambeu-lhe os testículos e depois voltou a chupá-lo num voraz vai e vem. O pénis do rapaz enchia-lhe a boca e agredia-lhe a garganta, mas isso não lhe causava nenhum mal-estar. Pelo contrário, dava-lhe um prazer que excedia em muito o corpo e lhe invadia a mente. Como se pénis do rapaz estivesse a foder-lhe não apenas a boca, mas o próprio coração e, para além do coração, o seu próprio ser - a sua essência mais íntima e autêntica. Sebastião sentia-se cheio, completo, realizado e feliz, muito feliz. Fazer um broche àquele rapaz bonito, num castelo velho com mais memórias do que pedras, fazia-o experimentar uma sensação de plenitude que nunca tinha conhecido. “Nasci para isto”, pensou. Quando sentiu na boca um liquidozinho, como que a sentinela avançada das vagas de esperma que a ejaculação traria, a sensação de plenitude cresceu e transformou-se num arrebatamento desvairado e veemente. O ritmo do vai e vem chupista tornou-se frenético. As suas mãos, que já há minutos acariciavam as nádegas e as pernas do rapaz, tornaram-se mais ousadas e sofregamente dirigiram-se até ao seu ânus. Este disse, numa mistura de palavras e gemidos: “Sim, sim! Mexe-me no cu que eu gosto!” Sebastião enfiou-lhe o dedo no ânus, sem abrandar o ritmo a que o chupava. Quando o dedo ficou completamente enfiado, os gemidos do rapaz transformaram-se em urros misturados com palavrões, em que o verbo enrabar era várias vezes conjugado. O rapaz começou também a mover-se para obrigar o dedo a enterrar-se mais no seu ânus. O frenesim dos dois era tão grande que, de cada vez que Sebastião engolia o pénis, tocava nos pêlos púbicos com os lábios. As golfadas de esperma surpreenderam Sebastião, mas continuou a chupar sem vacilar, até que todo o líquido saiu. Engoliu uma parte, demasiado excitado para não gostar, e limpou com a mão, num gesto insinuante e propositadamente amaricado, a grande quantidade que lhe escorria pelo queixo abaixo.
- É bom?
- Chupar-te foi a melhor coisa que já me aconteceu na vida!
- Eu adorei tudo o que me fizeste. E agora também te quero chupar.

 

terça-feira, 18 de maio de 2010

Cedo de mais

A ejaculação chegou cerca de trinta segundos depois de José a ter penetrado, ainda ela não se tinha sequer aproximado da metade do caminho até ao orgasmo. José tirou o corpo pesado e pouco ágil de cima do insatisfeito corpo da mulher e afundou a cara nos lençóis. Nenhum dos dois falou. Ela não fingia orgasmos, mas tentava sempre disfarçar a frustração. Fez um esforço para normalizar a respiração e largou uma carícia nos ombros de José, logo seguida de um rápido beijo nos cabelos. Depois, com uma lentidão involuntariamente sonora, virou-se na cama como se fosse dormir. A sua infelicidade era aguda como uma dor, mas a obscuridade do quarto tornava-a invisível e incomunicável. Esperavam-na horas de insónia, a ouvi-lo ressonar e a cheirar as exalações do litro de vinho que ele tinha bebido ao jantar. José gostaria de a beijar e abraçar, mas não queria que ela percebesse as suas lágrimas. Murmurou baixinho “não presto para nada” e ao fim de poucos minutos adormeceu, submerso nos vapores do álcool com que todos os dias se anestesiava.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Cancro na alma

- Está aqui o número. Telefona para o médico e pergunta se ele te pode ver hoje.
- Mas para quê? São só umas dores de cabeça…
- Que duram há quase uma semana!
- Isso é porque tenho trabalhado demasiado. Não receies! Não tenho nenhum cancro nem nada do género… Excepto, claro, o meu velho cancro na alma. Ouve: esta tarde não vou trabalhar, durmo a sesta e vais ver que à noite já consigo fazer amor contigo.
- Faz isso, mas vai também ao médico. Ontem prometeste-me! Vai ao médico e…
- Diz que gostas de mim.

domingo, 16 de maio de 2010

Dor de cabeça

- E então?
- Desculpa, não me apetece.
- Dói-te a cabeça outra vez?
- Sim.
- Só desculpo se amanhã fores finalmente ao médico e...
- Ok, eu vou! Desculpa isto tudo. Eu gosto de ti e quero fazer amor contigo, mas sinto-me mal e ... Interrompi o que estavas a dizer. O que ias acrescentar?
- Ia dizer que só te desculpo se, além de ires ao médico, me deres um beijinho.
- ...