PISTAS PARA O TESOURO

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Um cu que talvez prove a existência de Deus

Do outro lado da rua apinhava-se uma multidão de mulheres esperando ansiosamente o início dos saldos, mas Tomé e o colega só conseguiam olhar para um único lugar, como se os seus olhos fossem atraídos para lá pela gravidade invencível de um buraco negro.
- Aquele cu é uma obra de arte maravilhosa! Nem o acaso nem a natureza poderiam ter originado aquela simetria ondulante. Só Deus poderia ter imaginado uma tal perfei...
- Que treta! Então e o cancro e o terrorismo, para não falar no cu da minha mulher… Também foi Deus que os criou? É que não são lá muito perfeitos!
- Foi Deus, sim, para podermos comparar e dar valor às coisas boas. O cu daquela gaja talvez prove a existência de Deus.
- Bem… Se provasse não precisavas de dizer “talvez”. Além disso…
- Caralho! Como podes ser ateu?
- Basta olhar à volta. O mundo é uma desgraça, uma merda muito mal feita! Mesmo que fosse necessário existirem algumas coisas más para podermos reconhecer e valorizar as boas, era preciso as más serem tão numerosas? Não bastava o cancro? Porque é que tinha de existir também o reumático e a espinha bífida? Se houve um Criador…olha, era o cabrão de um incompetente, muito pouco omnipotente e nada perfeito!
- …
- Seja como for, mesmo que Ele tenha criado aquela gaja e o seu esplendoroso traseiro não a pode enrabar, devido ao aborrecido facto de ser incorpóreo. Por isso, é preciso que alguém se encarregue dessa missão… Como tu não podes, por causa do pecado original, dos sagrados sacramentos e de toda essa cangalhada religiosa, eu farei o sacrifício. Fica aqui, que eu vou atravessar a rua e meter conversa!

- Calma aí! Eu acredito em Deus, mas não sou beato e não me importo nada com o pecado original. Não podemos ir os dois meter conversa, senão ela foge. Por isso, que tal tirar à sorte qual dos dois vai?

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

A perfeição do conjunto

Estava a chover muito e Marta chegou ao escritório encharcada, literalmente a pingar água. Quando tirou o casaco os olhos de Sofia foram invadidos pela imagem dos seus seios colados à blusa cor-de-rosa. Os biquinhos espetados insinuavam-se tanto para a frente que, por instantes, Sofia pareceu sentir o seu toque no rosto, apesar de estar a dois metros de Marta.
- Não aguento mais. Vou atirar-me a ela.
Depois de murmurar essas palavras, Sofia ofereceu-se para ajudar Marta. Foi buscar algumas peças de roupa que guardava no cacifo e foi levá-las à sala onde Marta se fora trocar. Tinha tirado a roupa molhada e estava envolta numa toalha a tiritar de frio. Agradeceu as roupas de reserva de Sofia, que eram mais adequadas à estação fria que as suas e aceitou que ela lhe esfregasse o cabelo com uma toalha. Sofia estava destemida e, sem mais preâmbulos, encostou-se ostensivamente ao traseiro da outra enquanto lhe secava o cabelo. Animada pelo facto dela não se ter afastado ou sequer encolhido, acariciou-lhes os seios mal tapados pela toalha de turco barato do escritório. Marta suspirou, senão ainda de prazer pelo menos de satisfação, e Sofia disse-lhe com a voz rouca de cio:
- Há meses que não penso noutra coisa que não seja fazer amor contigo…
- Pode ser Sofia, também me apetece. Mas, aviso-te já que sou mais do género de foder do que de fazer amor…
Como resposta, Sofia, que a continuava a agarrar por trás, esfregou-se com força no seu traseiro e acariciou-lhe os mamilos com veemência. Mas ao fim de poucos segundos teve de a largar, pois Marta foi sacudida por uma série de espirros. A toalha caiu e o seu corpo nu revelou-se a Sofia, demasiado concentrada na penugem triangular entre as pernas para reparar na beleza sensual das outras partes ou na perfeição do conjunto.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Sê quem és



"It takes courage to grow up and become who you really are." E.E. Cummings

sábado, 13 de novembro de 2010

Fusão

- Enfia tudo, enfia, até ao fundo… Ahh! Racha-me a cona! Fode-me toda! Viola-me, queridooo… Ahh!
- Eu fodo-te toda, menos a alma… Ai! Aiii! Sim, sim, morde-me a boca outra vez!
Pouco depois, enquanto fumavam o cigarro pós-coital, debateram a ideia de Platão segundo a qual os amantes procuram fundir-se e tornar-se um através do amor.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Meter a mão na massa


Texto humorístico de David Marçal, publicado no Inimigo Público. Também no RN.

É humor, mas quem conhece sabe que a realidade portuguesa é ainda mais desconcertante. O que dá mais vontade de chorar do que de rir.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Pergunta retórica

Tinham concordado em fazer “coisas muito porcas” naquela noite, mas durante vários minutos limitaram-se a trocar beijos carinhosos e carícias limpas, sem sombra de perversidade. Estavam sentados na cama e tão abraçados que quase não se podiam mexer.
Depois, ele deitou-a e mordeu e lambeu demoradamente o seu sexo. O furor masculino da sua boca  era tanto que parecia querer mergulhar de cabeça na ofegante fenda. A seguir penetrou-a. Ela encaixou o golpe com um gemido à beira do grito e beijou-o com volúpia. Depois de beijar a boca beijou o nariz e o queixo, ainda molhados pelos sucos vaginais. Os beijos transformaram-se em ávidas lambidelas que substituíam, naquele rosto tão amado e familiar, as secreções da sua vagina pela abundante saliva que o desejo lhe deixava na boca.
Habitualmente, ele gostava de lhe chamar nomes e de misturar ternura e agressividade em palavras como “putazinha” e “safada”, mas quando ela o encharcava daquela maneira a sua excitação crescia tanto que os palavrões atingiam os cumes mais elevados da violência verbal. Esta só não deixava de ser erótica devido ao desejo que a empurrava e ao amor e à ternura que eles nunca deixavam sair da sua cama, por muito sujo que fosse o sexo praticado. Por isso, as palavras violentas e insultuosas não a afastavam dele e, porque simbolizavam a posse dele sobre ela, excitavam-na também a ela. De resto, havia muitas ocasiões em que ela também recorria ao vernáculo mais grosseiro da língua portuguesa.
Quando a língua molhada lhe atingiu os olhos para logo descer novamente para as regiões próximas da boca, ele urrou, possuído por uma exaltação selvagem que teria assustado uma mulher que não o conhecesse bem. Chamou-lhe “puta ordinária” e “porca de merda” e, pouco antes dos gemidos conjuntos do orgasmo, fez uma pergunta a que ela não respondeu, talvez por a considerar retórica.
- Estás a lambuzar-me todo porque gostas do sabor da tua cona, não é?

terça-feira, 2 de novembro de 2010

A subtil diferença entre o com e o em

era belo
o rapaz onde pernoitei

al berto (citado de memória)

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

O órgão preferido

"O cérebro é o meu segundo órgão preferido."
Woody Allen