PISTAS PARA O TESOURO

quinta-feira, 25 de março de 2010

Primavera nua


Como o Inverno insiste em não se ir embora, e não despede nem o frio nem a chuva, a coitadinha da Primavera ainda se constipa. Uma vez que o corpo humano é uma fonte natural de calor, o nosso dever é abraçá-la e acariaciá-la, a ver se conseguimos aquecê-la.

terça-feira, 23 de março de 2010

Anunciação

A dona Imaculada Silva, enquanto varria a Igreja, disse a Tomé que, muito provavelmente, "o senhor padre" se encontrava na Sacristia, "a fazer os preparativos da próxima missa, a preparar-se para anunciar a Palavra de Deus". A porta estava entreaberta e Tomé, que precisava falar com o padre por causa do casamento da irmã, entrou. Mas recuou após o primeiro passo. O padre estava sentado numa cadeira, ainda com o traje clerical usado na missa das 11 horas vestido. Ajoelhada a seus pés estava Purificação Silva, a irmã solteirona da dona Imaculada Silva. Dona Purificação, conhecida pela sua piedade cristã e pureza de valores, tinha o pénis do padre na boca e chupava-o vigorosamente. O padre acariciava-lhe os seios, ocultos sob as sóbrias e castas roupas. Nenhum dos dois deu pela espreitadela de Tomé, que se retirou silenciosamente. Enquanto dava meia volta, fez o sinal da cruz ao passar diante da imagem de Nossa Senhora de Fátima e lamentou intimamente não poder ficar a ver sem ser visto. Lembrou-se também de um dicionário que Purificação Silva lhe emprestara há meses e resolveu que depois passaria por casa dela para lhe devolver o dicionário e, claro, agradecer o empréstimo. Resolveu também que iria sem se anunciar.

sábado, 20 de março de 2010

Fazer amor em vez de foder

- Mexe-te devagarinho. Assim, suavemente, suavamente. Eu sei que tinha dito que queria ser cavalgada e fodida à bruta, mas afinal... Vamos só fazer amor, está bem?
- ...
- Esse beijinho na cara foi bom! Agora beija-me na boca, mas com ternura. Amanhã voltamos às porcarias porcas, ok?

quinta-feira, 18 de março de 2010

Prioridades

- Vem-te na minha boca. Tratas da cona depois, querido!

terça-feira, 16 de março de 2010

Patriotismo

Maria nunca soube explicar bem o que lhe passou pela cabeça naquele dia, mas, em tom de brincadeira, disse a uma amiga que tinha sido “um acto de patriotismo”. O rapaz não era especialmente bonito, embora a farda de soldado e os caracóis louros lhe ficassem bem. Depois de lhe ter dado a informação pedida, e quando ele já se começara a afastar sorrindo e agradecendo, Maria puxou-o por um braço. Sem dizer palavra, arrastou-o até um canto discreto do jardim. Beijou-o na boca. O rapaz, apesar da surpresa, correspondeu e a sua língua invadiu a boca de Maria. Esta jogou-lhe a mão ao sexo. Apalpou por cima das calças verdes até sentir o volume aumentar. Apressada, talvez para evitar pensar no que estava a fazer, desapertou-lhe as calças e fê-lo sentar num banco de pedra que ali havia. Enquanto massajava o pénis erecto com uma mão, com a outra tirou as cuecas. Sentou-se no colo do rapaz e, sem mais preparações, cravou nas suas ansiosas entranhas o viril membro. Apertou-lhe as pernas com as suas e começou a cavalgar. Fechou a boca do rapaz com um beijo de boca escancarada para evitar que os seus gemidos soassem mais alto que o maravilhoso canto dos pássaros que, naquele soalheiro dia de Primavera, enchia os ares. Quando se levantou, ainda com a respiração alterada pelo prazer, corria-lhe por uma perna abaixo um fio de esperma. O rapaz ficou sentado, com o pénis flácido pousado no verde das calças de soldado, e resfolegava como um cavalo jovem e ainda pouco habituado à corrida. Maria limpou o sexo e depois a perna com as cuecas e foi embora. O rapaz chamou-a, perguntou-lhe como se chamava e se podia acompanhá-la um pouco, mas ela nem sequer olhou para trás. Nunca mais o viu.

sábado, 13 de março de 2010

Depois da missa de Domingo

Diante do olhar atónito de Tomé, o senhor padre fez um manguito na direcção das beatas acabadas de sair da sua missa dominical e exclamou em voz alta: "Que se fodam todas, velhas de merda!"

terça-feira, 9 de março de 2010

Sexo e morte

Segundo Oscar Wilde, o verdadeiro intelectual só pensa em duas coisas: na morte e em sexo. Tanathos e Eros.

O prazer das ideias

Quando o rapaz desapertou os botões das calças, Sebastião não se fez rogado e jogou a mão na direcção do volume que magnetizava os seus olhos. Apalpou primeiro por cima das cuecas, mas depois - empurrado por uma urgência nascida dentro das suas próprias cuecas - enfiou a mão lá dentro. Que mata! O contacto com os abundantes e ásperos pentelhos do rapaz electrificou Sebastião. O rapaz colaborou baixando as cuecas. Os dedos de Sebastião, trémulos mas decididos, tocaram no pénis erecto. Era definitivamente maior que o seu. 20 centímetros? Apertou-o com força e começou a punhetear. Enquanto fazia todos esses movimentos continuou a esfregar-se no traseiro do rapaz.
- Deixa-me virar. Também te quero tocar.
A voz saiu rouca e estranha, diferente da voz adolescente que se ouvira ainda há pouco. Mas Sebastião pouca atenção prestou a esses detalhes. Afastou-se também um pouco e desapertou as suas calças. A mão do rapaz avançou. Ficaram lado a lado, cada um deles com uma mão no sexo do outro, mas sem se olharem nem trocarem quaisquer palavras. Espremiam e massajavam com igual excitação - inábil mas impetuosa, descoordenada mas ávida.
O prazer que a mão do rapaz dava a Sebastião era muito aumentado pelo facto de sentir o pénis dele na sua própria mão e pela concomitante e deliciosa ideia de se estarem a punhetear um ao outro. A ideia, a representação mental do que estava a fazer, multiplicava o prazer físico.
- Vamos experimentar uma coisa.
- O quê?
Sebastião pôs-se em frente do rapaz e aproximou o seu pénis do dele. Uniu-os com as mãos e começou a mover-se para trás e para frente. Retirou uma mão para dar lugar à suada mão esquerda do rapaz. Enquanto tentavam coordenar o atrapalhado vai e vem (queriam que os pénis deslizassem um sobre o outro e ao mesmo tempo se mantivessem firmemente agarrados, o que não era fácil de conciliar devido à falta de um creme e, principalmente, à falta de experiência de ambos), cada um deles usou a mão livre para tocar no corpo do outro. No peito, nos braços, no pescoço e, de modo tímido e fugidio, nas nádegas. Apesar do desconcerto dos movimentos, Sebastião sentia um prazer como nunca tinha sentido em toda a sua vida. A respiração de ambos tornou-se mais intensa e não conseguiram conter alguns gemidos, que nenhum turista ouviu pois o castelo àquela hora estava vazio.
Quando o orgasmo chegou o espírito de Sebastião foi invadido pela ideia de chupar o sexo ao rapaz. “Vou fazer-lhe um broche! Vou engolir-lhe o caralho até aos colhões!” Quase tão bom como o prazer que sentiu enquanto ejaculava, foi sentir o esperma morno do rapaz saltar para a sua pele e escorrer gota a gota pelo pénis e pelos pentelhos abaixo, caindo nas lajes centenárias daquele castelo nunca vencido. Sebastião não sabia explicar porquê, mas a ideia de, pela primeira vez na sua vida, ter relações sexuais com outro homem num lugar tão antigo e venerável como aquele contribuía um pouco para o deleite e carácter maravilhoso da experiência. O rapaz também estava encharcado. Ficaram um diante do outro a arfar satisfeitos. Estavam tão felizes que nos seus rostos transparecia menos vergonha e medo do que na realidade sentiam.

Dê um título à imagem - 3

Imagem encontrada aqui.

(O melhor título da segunda edição do “Dê um título à imagem” foi, na minha opinião, a sugestão do leitor anónimo que disse: "Olha para esta pêssega e diz-me se gostas...")

domingo, 7 de março de 2010

Pureza

- Estás apaixonada por mim e queres ir para a cama comigo… Foi isso que disseste?
- … sim
- Se tivesses dito apenas que querias ir para a cama comigo perguntar-te-ia se preferias ir só comigo ou comigo e com o meu marido. Mas, se estás apaixonada por mim, calculo que me queiras só a mim!
- Porra!
- Estava a meter-me contigo. Eu sei que só gostas de gajas. Percebi que és fufa assim que te vi… e uma fufa pura e com princípios, não é?
- … sim
- Bem, que tal hoje ao fim da tarde? E na tua casa ou na minha? Ou preferes um Hotel? Como é a primeira vez se calhar não é boa ideia ser na casa de banho ou no carro… Senão até podíamos ir agora já!
- …

sábado, 6 de março de 2010

Help me, if you can!

- Bom dia Sofia! Estive a observar-te, ali do meu cantinho, e pareceu-me que estás tensa e preocupada com alguma coisa... Qual é o problema? Será que posso fazer alguma coisa por ti e ajudar-te?
- Bem… Eu não lhe chamaria problema. Mas é verdade que preciso de ajuda e, vê lá tu, é ainda mais verdade que só tu me podes ajudar. Only you...
- A sério? Como? Diz, diz… Faço já o que for preciso.
- Querida Marta: estou apaixonada por ti e quero ir para a cama contigo…
- O quê?!

quinta-feira, 4 de março de 2010

De mão dada

- Sim, também gostei muito. É um grande filme! E agora... Casa, banho, cama e duas horas de sexo?
- Vamos primeiro dar um passeio. A noite está bonita e amena... Em vez de duas horas a foder ficaremos só uma, mas... Apetece-me andar de mão dada contigo!
- ...
- Esse beijinho de surpresa tornou a noite ainda mais bonita. Tenho a sensação que agora as estrelas estão mais brilhantes!
- Anda, vamos por ali. Daquele lado vê-se melhor o rio. Queres um gelado?

terça-feira, 2 de março de 2010

Conselhos para meninas

"O mais bonito presente que uma menina pode dar é uma virgindade. Como de frente só pode ser dada uma vez, dai cem vezes a de trás e assim fareis cem cortesias.
Deve dizer-se sempre a verdade; porém, quando vossa mãe se encontra com as visitas no salão, vos chama e vos pergunta o que fazíeis, não deveis responder: 'Estava a masturbar-me, mamã', mesmo que isso seja rigorosamente verdade.
No hotel, não toqueis a campainha às onze da noite para pedir ao criado uma banana. Pedi, a essa hora da noite, uma vela.
No teatro, não ponhais a mão nas calças do vosso vizinho de carteira, para ver se o bailado lhe dá tesão.
Quando um cavalheiro, por detrás de um móvel, na vossa mão se vem, é melhor chupardes os dedos do que pedirdes uma toalha.
Pôr mel entre as pernas para se fazer lamber por um cãozinho é, em rigor, permitido; mas não é preciso fazer o mesmo ao cão.
Se se tratar de um cavalheiro que nunca antes haveis sugado, não devereis entregar-vos a sábias lambidelas ao longo da pila e por detrás dos colhões. Ele ficaria mal impressionado com o vosso passado."

Pierre Louÿs, Manual de Civilidade para Meninas, tradução de Júlio Henriques, Fenda Edições, Lisboa, 1998.